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2020, entre paisagismo e “caras de paisagem”

coluna | por Victor Megido

 

O Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx é uma das tantas belas pinturas do Brasil. Aparentemente simples quando visto por fora, extremamente complexo por dentro. Aos leigos pode parecer magia, mas não é, deu muito trabalho para realizar tal feito. 

 

Pesquisar, projetar, semear, cuidar e amar. Respeitar acima de tudo! São esses os ciclos da beleza do paisagismo na sua expressão estética e ética e que geram tanta harmonia nas nossas cidades, nos ambientes de convívio, sejam estes edifícios, casa e escritórios. Quanto mais acolhedor, melhor. 

 

Paisagismo é design de ambientes. Nasce da intenção de trazer alegria ao ser humano, é fruto do respeito dos tantos “usuários”, stakeholders e, sobretudo, nasce no respeito da natureza.

A natureza é mãe e, no Brasil, eu diria que ela é uma grande e generosa geradora de vida. 

 

Falar de paisagismo nos conecta a um tema sempre atual, que está na pauta nacional e internacional: o meio ambiente. Para os bons entendedores, bastam poucas palavras: sem projeto com impacto ambiental, não há futuro para o nosso Brasil, a iniciar da nossa exuberante natureza.

 

Citando neste artigo um dos tantos projetos do Burle Marx, não devemos esquecer de seu lado ambientalista. Ele foi um dos pioneiros na luta pela preservação ambiental no Brasil.

Muitos lugares foram visitados pelas expedições de Burle Marx mais de uma vez. A cada retorno, ele constatava a visível degradação do meio ambiente. Não conseguimos ainda reverter esse cenário. E leis não faltam! Assim como abundam “caras de paisagem” por aí. 

 

Burle Marx foi um colecionador incansável de plantas, um visionário do paisagismo como arte moderna, um botânico esteta autodidata e um dos precursores da defesa do meio ambiente no Brasil. O próprio Brasil é um país com nome de árvore. Brasil é sinônimo de Caatinga, Pantanal, Amazônia, Mata Atlântica, e assim vai. 

“Parti do Rio já preparado para constatar a devastação imediatista, a cupidez com que nossos recursos naturais são vilipendiados. Entretanto, confesso que errei em minha avaliação. E, lamentavelmente, meu erro foi o de subdimensionar a extensão dessa catástrofe”, escreveu Burle Marx, em 1983, em carta ao Jornal do Brasil.

 

No Brasil não faltam boas leis. Certamente temos, também, muitos bons projetos e boas cabeças pensantes para implementá-los. O desafio é conectar tudo isso em um ecossistema virtuoso, inovador, aberto ao diálogo com todas as partes, viável, e que gere valor com respeito, coerência e consistência. Para isso dar certo, serve mais design thinking!

 

Imagem de capa:

Centro Cultural Sítio Roberto Burle Marx (SRBM) 

Créditos da foto: Gabrielle Rangel / Iphan

 

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