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A 33ª EDIÇÃO DA CASACOR SÃO PAULO APRESENTOU 75 AMBIENTES DISTRIBUÍDOS EM MAIS DE 15 MIL M², ONDE AFETIVIDADE, TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE SÃO OS PILARES.

Com nove semanas de duração, a edição 2019 da maior mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas trouxe o conceito “Planeta Casa”, que nos instiga a repensar a casa não mais como um espaço físico, mas como um estado de espírito, que norteia as novas formas de morar. As inovações tecnológicas acompanham essa tendência, tornando a casa mais inteligente e organicamente integrada.

A de•co•rar esteve no Jockey Club de São Paulo e selecionou 10 ambientes que se destacaram na mostra. Confira:

Varanda Palm Springs
Jean de Just
O espaço, multiuso e feito para receber, faz referência à arquitetura dos Estados Unidos dos anos 1950 e 60, em especial da cidade Palm Springs, mas se diferencia ao trazer toques de brasilidade, como as pastilhas e mosaicos usados nas portarias brasileiras na década de 60. O arquiteto francês também se inspirou nos projetos de Luis Barragán, incorporados nos rasgos da parede azul Klein, em referência ao artista Yves Klein. A composição está em harmonia com o tapete laranja e as luminárias Bertolucci. O paisagismo, assinado por Marianne Valent Ramos, é
outro destaque do ambiente.

Foto: Divulgação no destaque superior da página

Casa das Sibipirunas
Otto Felix
O arquiteto reinventa o conceito de casa de campo e apresenta um projeto de 250 m², que se integra a duas árvores que já existiam no local, as quais, de maneira poética, batizaram o ambiente.  O espaço, dividido em living com lareira, cozinha e uma suíte com closet, instiga por um morar mais reflexivo e desconectado, onde a proposta por uma vida mais simples foi estabelecida como referência. Propondo um projeto arquitetônico contemporâneo, a residência foi baseada em três elementos principais: vidro, gesso e travertino romano. O paisagismo, assinado por Daniel Nunes, ainda é perpetuado pelos interiores e o teto, em gesso ripado, permite a entrada de luz solar e cria o efeito de luz e
sombra.

Foto: Denilson Machado

Lite
Duda Porto
A casa, construída em apenas 40 dias, tem um sistema modular que a torna nômade, podendo ser desmontada, transportada e remontada em qualquer lugar. O arquiteto carioca desenvolveu o sistema Lite em 2013, que se
baseia em uma arquitetura de planejamento e eficiência. A construção é feita com estrutura metálica, de steel frame, que dispensa a concretagem. Isso tornou a obra limpa, com baixo consumo de água e pouca emissão de poluentes. O projeto compreende 120 m² de área interna e 70 m² de externa, resultando numa morada integrada, onde a disposição do mobiliário delimita os cômodos. É a primeira residência brasileira a receber o selo Healthy Building Certificate, que atesta a sustentabilidade.

Foto: Denilson Machado

Loft Fétiche
Ricardo Abreu
Inspirado na linguagem visual das antigas garçonnières – pequenos apartamentos que eram utilizados para encontros amorosos clandestinos na França –, o loft de 80 m² harmoniza obras de arte e mobiliários de vidro. Para criar a sensação de isolamento do exterior, o arquiteto uniu alguns recursos estéticos, como o teto neoclássico na cor ferrugem, as colunas brancas tipo pilotis e volumes arquitetônicos soltos. O arremate dessa composição acontece por meio de uma paleta de cores preta e branca e iluminação indireta.

Foto: Marcelo Magnani

Paredes Mágicas
Leo Romano
O ambiente lúdico do arquiteto goiano foge do convencional ao mesclar fantasia e realidade, a partir de um layout diferente. O espaço consiste em um loft de 100 m² que remonta os cômodos de uma casa – salas de estar e jantar, quarto, cozinha e banheiro –, concebidos de maneira integrada. A construção é feita com o envelopamento completo das paredes e do teto com revestimentos metálicos da Hunter Douglas. Porém, as protagonistas do décor são
as caixas de MDF pintadas e empilhadas, que atuam como pequenos ambientes, abrigando, respectivamente, cozinha,
banheiro, quarto e duas saletas. Esse arranjo vertical permitiu aumentar a área construída. A iluminação pontual valoriza objetos e locais específicos.

Foto: Salvador Cordaro

Loft Refúgio
Consuelo Jorge
O espaço interativo de 101 m² revela sofisticação. Os revestimentos, de tons quentes e terrosos, contrastam com o cinza claro como pano de fundo neutro. A arquitetura do ambiente foi planejada para proporcionar ao ocupante a sensação de acolhimento, especialmente através do forro inclinado de madeira de bambu, que além de aquecer provoca uma percepção estética diferenciada. O papel de parede que remete ao concreto, bem como os tapetes em fibras naturais, pedras nacionais, tecidos em linho, vasos em porcelana e argila, dialogam harmonicamente entre si e com a arquitetura, criando, assim, um espaço intimista. Para criar um living aconchegante, foi utilizada uma iluminação que destaca o teto inclinado e valoriza a cenografia com peças de design, como o sofá Fatto, produzido pelo FK Grupo.

Foto: Fran Parente

Les Hérons
Gustavo Martins
Inspirado na art déco, que marcou lobbies icônicos dos luxuosos hotéis do início do século 20, o arquiteto é  responsável pelo projeto do hall do apartamento, o qual pretende trazer a sensação de bem-estar daqueles que por ali circulam. O teto do espaço de 49 m² é revestido por um tecido estampdo de garças, que definiu o conceito arquitetônico. Além disso, materiais nobres e acabamentos remetem a uma época marcada por glamour e requinte. A grandeza do mármore e a composição impecável das formas geométricas dão vida a essa atmosfera.

Fotos: Renato Navarro

Living do Colecionador
Naomi Abe
A paixão por arte, design e arquitetura foi a inspiração da designer de interiores para a criação do projeto de 80 m². O espaço de entrada faz referência a estética minimalista e cria uma composição monocromática com ladrilhos verdes. No teto, foi projetado um caminho iluminado com círculos interligando a antessala e o living, inspirada na arquitetura modernista dos anos 1950. No centro do espaço, a luminária de Lina Bo Bardi, fabricada pela Lumini, longo sofá de veludo verde da Artefacto, o piso e as cortinas da mesma cor tornam o espaço quase monocromático. Em contraste, o tapete do artista Alfredo Barbosa de Oliveira, feito pela Punto & Filo, quebra a monocromia com sua beleza. Um dos seus destaques é o quadro “Mulata”, de Di Cavalcanti.

Fotos: Romulo Fialdini

Loft Árvore da Vida
Marcelo Salum
Inspirado no filme “A Árvore da Vida”, o arquiteto catarinense buscou referências no longa para dar vida ao loft de 107 m². O projeto se inspirou na estética de 1950, mesma década que o filme é situado. A marcenaria colorida, típica da época, abriga todas as funções do loft, se apropriando da forma longitudinal do espaço, que tem móveis de designers como Jader Almeida e Sérgio Rodrigues. O amarelo, que faz alusão ao sol, destaca-se em todo o loft, desde a iluminação até o revestimento do banheiro. Para fortalecer o conceito do ambiente, foram escolhidas obras de arte, como, por exemplo, a instalação da artista Vivian Kass.

Fotos: Divulgação

Dolce Villa Todeschini
Débora Aguiar
A casa de 480 m², projetada especialmente para a comemoração dos 80 anos da Todeschini, traz estilo contemporâneo e clean, propondo um refúgio urbano em meio à natureza. Como um eixo central, o hall divide a casa ao meio. De um lado, a ala íntima, com a suíte máster, closet e banheiro; de outro, a área social, voltada para o jardim, com living, home theater e espaço gourmet. O living, disposto em ‘L’, se destaca e surge com um canto de leitura, com uma estante com fundo em Dekton, iluminação indireta e portas em treliça de couro vazadas, que servem de moldura para duas chaises. Ao centro, um sofá de quase cinco metros da Artefacto preenche boa parte do ambiente, que é decorado por painéis com pintura trompe l’oeil e filetes metálicos.

Fotos: Salvador Cordaro

Texto: Mariane Reghin | @marianereghin