Arte à tona
Arte à tona
Projeto de interior valoriza quadros
e peças de época e design, além de integrar espaços sociais

Hércules Barsotti e Aldir Mendes de Sousa, valorizadas por ARs 60 (Moema Iluminação). Na área de estar, banquetas
da Micasa e mesa de centro acabada em high gloss (Dedicatto).
À direita, mesa art nouveau, vaso e abajur em Murano.

Com a eliminação do quarto de empregada, criou-se o almoço, formado por cadeiras e mesa em imbuia, destacada por pendentes vintage.
O aparador em vidro (Dedicatto) serve de bar e embute a adega. Para destacar a tela, de autor desconhecido, revestimento de seda na parede, emoldurado por espelho.
O imóvel com 170 m2 no Jardim Paulista, “além de inadequado, estava desgastado, com muito cupim”. Apreciador de obras de arte e de bons vinhos, o proprietário, um executivo de perfil despojado, mais que residir com conforto, desejava morar com requinte. Pautada por essas solicitações, a arquiteta Beatriz Dutra, autora do projeto de reforma, melhorou a distribuição dos espaços, tornando-os mais claros e arejados.
Para dispor o mobiliário – alguns de época, muitos garimpados em feirinhas e antiquários –, peças de design e quadros de artistas renomados, como Aldir Mendes de Sousa, Hércules Barsotti e A. Mistretta, Beatriz apostou em uma base neutra, com madeira e tons sóbrios, além de integrar e valorizar a área social por meio da realocação de paredes. “As obras de arte, destacadas, são o eixo das composições com revestimentos nobres e acabamentos modernos”, descreve. Tecidos de chenille, camurça e veludo reciclam o mobiliário pertencente ao morador e as peças desenhadas pelo escritório. “Antes de mandar executar meus móveis, prezo pela harmonia das cores e pelo mix de texturas”, diz.
Dos revestimentos originais, foram mantidos apenas os tacos do living. No hall de entrada, um composê geométrico com mármore carrara e granito escuro.

Para receber a iluminação, equipamentos de áudio e para acoplar as cortinas, o projeto especificou gesso no forro e molduras nas janelas. O rodapé largo contorna e arremata os ambientes. Também com o intuito de facilitar a circulação e conectar os espaços de convívio, a reforma eliminou uma das suítes: o quarto foi transformado em home theater/home office, agora integrado ao living, deixando a viga destacada em tom de cimento, de onde sai a tela duble screen, 100 polegadas, suportada por um cabo de aço, servindo os dois ambientes simultaneamente. Abaixo do telão, para otimizar os espaços, uma escrivaninha e uma lareira servem de divisória. No projeto, o banheiro dessa suíte virou o lavabo social. “A redistribuição teria de ser funcional e a circulação, fluida”, explica a profissional.
O antigo quarto de empregadas foi eliminado, dando lugar ao banheiro da suíte do morador. As mudanças permitiram ainda aumentar a cozinha e a concepção de uma pequena sala de almoço. Na suíte do morador, para vencer a pouca largura, a cabeceira da cama king size foi disposta sob a janela. Assim como o forro, essa parede recebeu gesso para embutir iluminação e persiana. “Amo arte e este é um grande diferencial do projeto. Com conforto, tanto melhor!”, opina Beatriz.
No hall, piso em mármore Carrara e granito. Lanças de São Jorge em vasos vietnamitas (L’oeil) recebem com alto astral. Móveis planejados em teca otimizam a suíte. Rasgos com LEDs são amparados pelo abajur Philippe Starck.
A persiana Duette (Luxaflex) bloqueia a claridade. Sobre o piso, tapete Kilim.
(matéria publicada na Revista Decorar 80, em Dezembro de 2013)
FOTOS Inés Antich