Legado Olímpico
As Olimpíadas contarão com competições por toda a cidade, mas dois pontos merecem destaque: o Complexo Esportivo de Deodoro e o Parque Olímpico. Neles estão sendo erguidas obras que deixarão uma importante herança arquitetônica para o País.

PARQUE RADICAL
Localizado na Zona Oeste do Rio, o Complexo Esportivo de Deodoro tem 2 milhões de m² e sediará 11 modalidades olímpicas e quatro paralímpicas. Assinado pelo escritório Vigliecca & Associados – como todos os equipamentos desse local –, o projeto deixará grandes legados, como o Parque Radical. Com 490 mil m², será o segundo maior parque da cidade, apenas atrás do Flamengo. O principal desafio foi criar o primeiro curso artificial de águas bravas do Brasil. Tirando partido da topografia do local, o Estádio Olímpico de Canoagem Slalom, com consultoria da Whitewater Parks International, foi implantado nas áreas de menor declividade, o que facilitou a criação de corredeiras rápidas e com caimento ideal para o esporte.
Na foto, à esquerda, ainda é possível ver o Centro Olímpico de BMX, criado com consultoria da empresa Elite Trax. Com percursos de 350 (circuito feminino) e 400 m (masculino), ocupa uma área de cerca de 4 mil m². Construída com grande impacto visual, a pista é forrada com madeira e traz adesivos antiderrapantes. Entre as pistas foi utilizada grama sintética em áreas íngremes, para evitar a erosão. Ao redor da instalação, em áreas de suporte, foi empregada grama natural.

ARENA DA JUVENTUDE
Aqui acontecerão as competições de esgrima e basquete. Também conhecida como Arena de Deodoro, após as Olimpíadas será transformada em um centro de formação e de aperfeiçoamento de atletas. Apresenta o conceito de hangar, com vão livre de 66,5 m e instalações temporárias dentro da área permanente. Para comportar os jogos de basquete, por exemplo, que requerem apenas um quarto do espaço disponível, serão erguidas arquibancadas em todos os lados da quadra, com capacidade para 5 mil pessoas. Construída com estrutura metálica e lajes em steel deck, receberá arquibancadas pré-moldadas de concreto. Já os fechamentos laterais são realizados com panéis metálicos revestidos por membrana de PVC telada. A ventilação e iluminação naturais são obtidas por meio de venezianas e clarabóias.

CENTRO OLÍMPICO DE HÓQUEI SOBRE GRAMA
Concebido como uma instalação permanente, o principal desafio foi implantar, em um terreno longo e estreito, dois campos que, cada um, quase têm a dimensão de um de futebol (91,4 x 55 m), além de uma arena de aquecimento (45,7 x 55 m) e um edifício para comportar vestiários, centro médico e setor administrativo. Com grama sintética azul royal, padronização iniciada nas Olimpíadas de Londres, em 2012, as arenas têm iluminação de alta potência (mais de 2 mil lux) e postes de cerca de 40 m de altura, em formato de V. A parte traseira de uma das arquibancadas ganhou desenho impactante, com colunas inclinadas. Durante as competições, abrigará quiosques de alimentação e sanitários.

VELÓDROMO
Localizado dentro do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, o Velódromo foi inspirado nas curvas de um capacete de ciclista. Com área total construída de 20 mil m² e capacidade para 6 mil espectadores, o projeto é assinado pelo arquiteto Daniel Gusmão e o escritório inglês Aecom, responsável também pelo plano geral urbanístico do Parque Olímpico. Já o projeto executivo para sua construção é um trabalho dos escritórios Arqhos Consultoria e Projetos e BLAC Arquitetura e Cidade, que formaram um consórcio. Com estrutura de concreto pré-moldado, a obra conta com fachadas de brises e cobertura ripada de metal. Com a sua construção, o Brasil passa a ter sua segunda instalação de ciclismo coberta e com pista de madeira para treinamento e competições.

ARENAS CARIOCAS
Também com projeto executivo da Arqhos, as Arenas terão estruturas independentes durante os jogos, mas formarão um único bloco no futuro centro para formação de atletas. A fachada contínua, com 368 m, é composta por um sistema de mastros de madeira de pinho laminada colada, tratada em autoclave para aumentar sua resistência, além de peças metálicas de aço inox, instaladas entre os mastros, para garantir a estabilidade (Lanik). Já a divisão entre as arenas é garantida pela cobertura em diferentes níveis, formada por uma estrutura de treliças metálicas revestida com telhas trapezoidais perfuradas. Essa cobertura recebeu manta sintética termoplástica (Firestone), que reflete o calor, é resistente contra raios UV e ajuda a economizar energia.

Composto por 15 quadras no total, entre estruturas fixas e temporárias, contará com um estádio central permanente (imagem) com 10 mil assentos. Assinado pelo GMP Design e Projetos do Brasil, deixará importante legado, pois será destinado ao treinamento de atletas de alto nível e eventos esportivos. O estádio, com 25 mil m² de área construída, é estruturado em concreto pré-moldado e cobertura com estrutura metálica e telhas trapezoidais (Dagnese). A fachada é formada por um sistema de brises coloridos de alumínio (HunterDouglas) fixados em perfis metálicos. Todos os projetos do Parque Olímpico são acessíveis, com rampas com inclinação de 5%, corrimãos em duas alturas, sanitários e vestiários apropriados, piso e mapa tátil, entre outros.

ESTÁDIO AQUÁTICO OLÍMPICO
O Estádio, também planejado pelo GMP Design e Projetos do Brasil, é uma instalação temporária que será reaproveitada para dar origem a dois centros aquáticos após o evento. Com área de 30 mil m², tem capacidade de 18 mil lugares. Para facilitar a desmontagem, sua construção é baseada em estrutura metálica com lajes e piso das arquibancadas em steel deck, montada sob madeira compensada de alta resistência. Já o fechamento é de lona de poliéster revestida de PVC perfurado que serve de suporte para arte de Adriana Varejão. Trata-se de uma reprodução de sua obra intitulada “Celacanto produz maremoto”, um trabalho em gesso e óleo que está exposto em Inhotim (Minas Gerais).

ARENA DO FUTURO
Projetada pelos escritórios Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arquitetos, Paulo Casé Arquitetura e Oficina de Arquitetos, abrigará um ginásio com capacidade para 12 mil assentos, com área total de 24 mil m². Trata-se de uma estrutura temporária, destinada às competições de handebol e golbol; após os jogos, será convertida em quatro escolas municipais. Para facilitar o reaproveitamento, conta com um núcleo de concreto e uma estrutura de aço (Brafer), que funciona como cobertura e serve para a fixação do revestimento externo: composta por polímeros de madeira reciclada, a pele de brises (Lesco) envelopa o edifício e filtra a luz. Na sua conversão, serão aproveitas rampas de acesso, portas, janelas e até mesmo luminárias.
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